O Grupo Bordadeiras de Chapada dos Guimarães está em atividade há mais de 10 anos e já formou mais de 400 bordadeiras. Prestes a iniciar nova turma, o grupo, além de preservar a cultura local, por meio de bordados únicos, gera renda e é visto como terapia pelo grupo de mulheres que mantém a tradição do bordado livre.
O grupo está com inscrições abertas para curso de bordado livre, tricô e pintura em tecido. As atividades são realizadas no prédio da sede, localizada na rua Santo Antônio, 106, Centro de Chapada.
O bordado livre é uma técnica que conserva pontos tradicionais do bordado reorganizando os espaços e propondo novos estilos de desenho. Muito difundida em todo o país, a técnica vem ganhando espaço e se tornou, a tradição de uma linguagem possível. As temáticas escolhidas, que geralmente retratam a fauna e flora, as tradições, ou cenas cotidianas, proporcionam um meio de expressão e interação profunda entre quem borda, o grupo e o local.
Um dos painéis feito pelo grupo retrata em delicadas linhas coloridas a história de Chapada dos Guimarães desde a sua fundação. Os bordados trazem desenhos feitos em linhas que relembram a fundação da cidade, a chegada dos padres, a construção da Igreja de Sant’Anna, a chegada dos hippies, os pontos turísticos, a Vó Francisca, as duas mulheres que foram prefeitas do município, o Cerrado e outras memórias afetivas de Chapada dos Guimarães.
A coordenadora, Louriza Soares Boabaid Yule, é educadora aposentada e artista de mão cheia. Além de gerir o grupo, conectar todas com muita atenção e carinho, é responsável por grande parte das criações de novos produtos e desenhos.
Louriza contou que o grupo Bordadeiras da Chapada dos Guimarães integra o Núcleo de Estudo e Organização da Mulher (NEOM) e passou a ser organizado no ano de 2010 a partir de uma capacitação realizada na região pelo grupo Matizes Bordados Dumond durante o projeto Bordando o Brasil, com apoio do Banco do Brasil.
“Chapada se enquadrava no edital por ser um município de baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Fizemos o projeto mas, não apareceram pessoas para fazer as inscrições. Então, íamos perder o recurso. Justificamos que éramos carente de conhecimento. Eles liberaram o projeto e fomos atrás das alunas. Deu certo e já formamos mais de 400 bordadeiras”, relembrou Louriza.
Os bordados produzidos pelas mulheres são fonte de renda complementar, mas também uma forma de educar e conscientizar sobre questões de cunho social como saúde, cultura e meio ambiente. Além disso, exploram a linguagem cuiabana, valorizando as gírias e dizeres populares.
Além da liberdade na criação dos desenhos, chamados riscos do bordado, há o jogo de cores, a brincadeira que une o real ao imaginado. Os riscos são simples e abertos à criação de cada bordadeira. O que se diz é que cada uma alimenta e dá vida ao desenho. Os pontos dados preenchem livremente os espaços e, quase sempre, dispensam o uso do bastidor.
Além disso, por ser uma prática meditativa, auxilia muitas mulheres na cura da depressão e, por isso, há um projeto para que o grupo integre o quadro de Práticas Integrativas do SUS do município.
O Grupo Bordadeiras de Chapada dos Guimarães valoriza a produção e autoria das desenhos, inclusive lançou uma campanha em que cada pano bordado conta uma história do fruto do cerrado na gastronomia mato-grossense. “Para representar o processo, utilizamos diversos elementos facilitadores como história, receita, poesia e música, retratando a nossa culinária, de forma saborosa e lúdica, para compartilhar a nossa tradição”, diz o folder informativo.
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Louriza Soares Boabaid Yule 19/03/2023
Ficamos felizes com a linda matéria, este ano completamos 13 anos de existência , somos gratas a Deus, e todas pessoas que apoiaram o nosso sonho. Não foi fácil, possamos por diversos perengues, superamos inúmeros obstáculos e alcançamos sucesso em vários momentos. Apesar de muitas pedras no meio do caminho conseguimos pontear com linhas coloridas a vida do projeto com persistência e aprendendo muito. Para comemorar esses 13 anos, estamos preparando novos projetos e em breve, se Deus assim permitir .
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