Nutrição, cosméticos, moda, papelaria, construção civil, agricultura e meio ambiente. estes são alguns dos segmentos que podem se beneficiar com o cânhamo, planta pertencente à espécie cannabis sativa l. E a Hemp Fair Exp Vuiabá, evento realizado pela associação brasileira das indústrias de cannabis (ABICANN) no Gran Odara Hotel , reuniu, no último dia 9 de fevereiro, profissionais do agro, das indústrias do cânhamo industrial e da cannabis medicinal para conhecer essas diferentes utilidades da planta, além de conhecer melhor seu uso na economia verde.
A feira faz parte de uma série de eventos regionais que rodam o Brasil, preparando públicos para a Hemp Fair Brasil, Feira Internacional da Cannabis Sativa para os Países das Américas, que vai acontecer em São Paulo, de 13 a 15 de abril. Segundo os organizadores do evento, o cânhamo industrial é um produto versátil que pode ser explorado de diferentes formas, e pode impactar diretamente nos setores petroquímico, têxtil, alimentício e da construção civil.
Em entrevista ao Alô Chapada, o presidente da ABICANN, Thiago Ermano Jorge, falou um pouco sobre o uso industrial e medicinal desta planta que vem ganhando mais espaço em diversos setores da economia. “O cânhamo sempre esteve na vida das comunidades rurais e nas casas urbanas, com suas sementes, fibras e folhas; alimentando e medicando pessoas e animais. Só após a descoberta do THC e da genética, no século 21, temos a oportunidade de apresentar como cultivares ou variedades de plantas de diferentes espécies vegetais da Cannabis sativa podem gerar benefícios econômicos, sociais e ambientais para o Estado do Mato Grosso e para quem nele produz. E este é um mercado que pode trazer para nossa economia algo em torno de US$ 30 bilhões, o equivalente a 160 bilhões de reais”.
O coordenador do Grupo de Trabalho Jurídico da Abicann, Carlos Araújo, também falou sobre os diferentes usos dos produtos criados a partir do cânhamo. “A fibra do cânhamo pode ser usada de todas as formas pela indústria têxtil, isto é, na produção de roupas, cordas e tapetes, e pode ser utilizada juntamente com algodão, seda e outras fibras, o que a torna versátil e reciclável. Além disso, o cânhamo necessita de um terço da água que o plantio de algodão”.
E do cânhamo, nada se perde. A semente de cânhamo, por exemplo, possui alto valor nutricional e fornece uma grande quantidade de proteína, tendo todos os 20 aminoácidos, ácidos graxos saudáveis, incluindo ômega-3 e ômega-6. Além disso, é rica em fibras, ferro, fósforo, potássio, cálcio, zinco, magnésio e vitamina E. Seu óleo, obtido da prensa a frio das sementes, pode ser utilizado na culinária, e pode também ser utilizado para a produção de cosméticos, como por exemplo loções para o corpo, cremes, sabonetes e xampus.
O papel de fibra de cânhamo produz um papel mais resistente do que a maioria que encontramos hoje, e por não necessitar de uso intensivo de produtos químicos, utiliza um método ecologicamente mais correto, fazendo com que ele possa ser colhido 10 vezes mais rápido do que o eucalipto e consome menos água. Além disso, também preserva as outras espécies de vegetais cuja madeira é transformada em celulose.
E um dos mais inusitados destinos do cânhamos é seu uso como material para a construção civil. “As fibras do cânhamo podem ser utilizadas para a fabricação de tijolos e material análogo ao concreto, abrindo possibilidades para uma construção ecológica e sustentável. Esses materiais têm como principais benefícios servirem como isolamento, pois são a prova de fogo, auxiliam na captura de carbono e são resistentes a mofo e pragas. Podendo também ter às sobras do tronco trituradas e com aplicação de resinas para produzir chapas de madeirite estilo MDF para divisão de ambientes, tendo a vantagem se ser isolante térmico, acústico e de umidade.
Uso medicinal
Cientistas, médicos e advogados tem debatido à exaustão o acesso, a pesquisa e a regulamentação do uso da cannabis para fins medicinais. O custo da guerra às drogas, os usos tradicionais e milenares da cannabis na medicina, os avanços obtidos por pesquisadores em diversos países e as boas notícias para os pacientes tratados com medicamentos à base da planta tem fortalecido o argumento da sua liberação para uso medicinal. Para muitos especialistas, a cannabis é o remédio do século XXI e significa praticamente uma farmacopeia inteira, tantos são os seus benefícios no tratamento de diversas enfermidades. Análises apontam que ainda neste século veremos a cannabis ser a primeira escolha médica para muitas doenças.
Diversas enfermidades são tratáveis com cannabis medicinal, como autismo infantil, carcinoma, distonia, dor crônica, depressão, encefalopatia, epilepsia, esclerose, esquizofrenia, fibromialgia, paralisia cerebral, Parkinson, retardo mental e transtorno de desenvolvimento, e seu uso medicinal é conhecido há milênios. O que se pretende agora é ampliar o acesso para a utilização em diversas enfermidades, tornando essa discussão uma questão de saúde pública.
Pesquisam mostram que cerca de 1,5 mil anos antes de Cristo já se fazia uso medicinal da substância. O Papiro de Ebers, daquela época, mostra o uso contra inflamação, já que a cannabis contém potentes anti-inflamatórios. E há outras substâncias na cannabis que não produzem efeitos psicoativos e são terapêuticos, estimulando o crescimento de ossos e o uso como antiepilépticos, antiproliferativos e antibacterianos.
Há evidências do uso da cannabis, que começou a ser cultivada nas montanhas do Himalaia, do uso da planta contra o câncer em uma mulher siberiana que viveu há 2,5 mil anos. Na cannabis existem cerca de 500 substâncias de interesse para a medicina. O impacto da cannabis na saúde humana só é comparável ao da penicilina, pela capacidade de combater bactérias e a eficácia na luta contra várias doenças.
Até o final do século XIX era possível encontrar medicamentos feitos de cannabis em boticas e artigos científicos ainda da primeira metade do secúlo mostravam os efeitos positivos da cannabis medicinal. Somente entre as décadas de 1910 e 1930 que a planta passou a ser demonizada, com uma forte propaganda negativa.
A cannabis medicinal já é uma realidade em diversos países, como Alemanha, Israel, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai, entre outros. E nos Estados Unidos está legalizada em 36 estados.
Saúde e Hemp
Durante a programação do evento, foi possível entender sobre a produtividade agrícola e industrial, por meio de um painel técnicos do setor medicinal. De acordo com Gustavo Marra, COO da USA Hemp Brasil, o Brasil tem um potencial agrícola imensurável, que perde muito sem uma regulação consistente para o plantio do Cânhamo. "A USA Hemp possui uma das maiores propriedades de plantação de Cânhamo, nos Estados Unidos, para a produção de medicamentos e que são importados ao Brasil. É importante pensarmos oportunidades de como produzir e fomentar a economia brasileira".
Regulação da Cannabis no Brasil
O evento também teve na programação um período dedicado a falar sobre as regulações e legislações para a retomada da economia brasileira, e quais mudanças o Brasil ainda precisam passar por regulação para que se possa criar uma legislação sobre essa variedade de Cannabis sativa, com baixíssimo teor químico da molécula psicoativa THC e pronta para auxiliar a economia.
Os eventos regionais, como este em Cuiabá, é um preparo antes da Hemp Fair Brasil 2023, que acontecerá em 13, 14 e 15 de abril. Empresas, técnicos e organizações agroindustriais podem já reservar Planos para a feira, solicitando informações pelo e- mail: [email protected].
Serviço
Mais informações sobre a ABICANN podem ser acessadas neste link
Saiba mais sobre a Hemp Fair Exp acessando este link
*Com informações UFRJ e Agência Senado
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