Tenho medo de morrer, mas é parte natural do ciclo da vida.
Estive em risco de morte por cinco vezes, nenhum com sucesso.
Em 1961, depois de um plantão de 24 horas na Maternidade Álvaro Dias pedi carona a uma estagiária do 5º ano de medicina, com sequelas de poliomielite nas pernas.
Ela dirigia o seu veículo pela estrada Jacarepaguá-Grajaú, pista única, sem iluminação, zona norte do Rio de Janeiro.
Um carro em alta velocidade vinha em nossa direção, e a estagiária desviou o seu veículo e paramos à beira do precipício.
Fiquei com trauma psicológico por algum tempo.
Em 1962 foi de ambulância do hospital e Pronto-Socorro Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro, quando ia prestar socorro no Alto da Tijuca.
Era madrugada e chovia.
O asfalto molhado fez com que o motorista da ambulância, que dirigia em alta velocidade, ficasse desgovernada e batesse no poste de energia elétrica.
Resultado: tive um profundo corte no joelho direito, necessitando de sutura no centro cirúrgico.
Como sequela: tromboflebite na perna direita, tratada com anticoagulantes por meses.
Descobri que tinha bradicardia séria no SPA de Sorocaba.
No retorno à Cuiabá procurei meu cardiologista Herbert Donizete e ele me encaminhou ao cardiologista Júlio César, que implantou um marca-passo em meu coração.
Corri o risco de morrer dormindo.
Há 6 anos, após cateterismo cardíaco em Cuiabá feito pelo Dr. Alberto, fui encaminhado para São Paulo.
Na época não se colocava prótese de válvula aórtica via transcutânea, só de peito aberto.
No dia da minha alta hospitalar, o cardiologista intervencionista Dr. Fausto que implantou a válvula em mim, disse que temeu por minha vida e que talvez eu não fosse chegar vivo à sala de hemodinâmica.
Recebi a extrema unção antes da cirurgia e tive medo de morrer.
Isso passou após cessar os efeitos da anestesia.
Em 1982, num voo de aviãozinho bimotor, Alto Garças-Cuiabá, o comandante ‘cortou’ um dos motores e fizemos um pouso forçado em Rondonópolis.
Sabotagem com areia em um dos tanques de gasolina dos motores foi a causa.
Nunca senti o tempo passar tão lentamente como naquela manhã de 1982.
Sempre procurei a medicina para me salvar, e fico feliz para contar essas histórias, com as bênçãos de Deus.
Ninguém vive eternamente, por isso cuido da minha saúde, sem nunca abandonar meus especialistas, odontólogos e fisioterapeuta.
Até a demência temida por todos, pode estar relacionada a saúde dos dentes, afirma artigo recente de pesquisadores respeitados.
Aprendi muitas coisas na faculdade de medicina como aluno e professor, mas lá não se fala sobre a morte, sobre como é morrer.
Quero viver em casa com a minha família e médicos.
*Gabriel Novis Neves é médico, fundador e ex reitor da UFMT
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