A Justiça do estado de Mato Grosso anulou a venda de uma das maiores fazendas de soja do Brasil, localizada em Chapada dos Guimarães, alegando que o preço pago pelo BTG Pactual era extremamente baixo e resultava em enriquecimento sem causa. A propriedade, pertencente à Camponesa Agropecuária, foi arrematada em leilão realizado em 2018 pelo valor de R$ 130,5 milhões, mas segundo laudos apresentados pela empresa, o valor de mercado da fazenda ultrapassava, na época, os R$ 500 milhões. Hoje, estima-se que o imóvel rural valha mais de R$ 1 bilhão.
A decisão foi proferida pela juíza Milene Aparecida Pereira Beltramini, que classificou o valor pago como "preço vil", reiterando que a venda foi prejudicial à antiga proprietária. Ela destacou que a fazenda, com aproximadamente 24.910 hectares, é altamente produtiva, equipada com maquinário moderno e diversas benfeitorias, e tem localização estratégica em uma das regiões mais valorizadas de Mato Grosso.
A Camponesa Agropecuária também denunciou à Justiça que não foi consultada sobre a venda durante o leilão, o qual previa inicialmente um preço mínimo de R$ 190 milhões, com base em avaliação patrimonial de 2012. Posteriormente, esse valor foi atualizado para R$ 261 milhões, mas mesmo assim considerado defasado.
Outro ponto central da decisão foi o fato de o BTG ter utilizado, como parte do pagamento, dívidas de outra empresa do mesmo grupo, a Laranjal Agropastoril, que não tinha relação direta com a fazenda em Chapada. O banco propôs quitar R$ 54,6 milhões da Agrosparil e R$ 75,8 milhões da Camponesa, mas a perícia revelou que essa última dívida somava apenas R$ 43,1 milhões.
O banco também alegou ter pago R$ 71 milhões em seguro fiança após o leilão, mas a magistrada esclareceu que não há amparo legal para considerar esse valor como parte do pagamento.
* Com informações da Folha de SP
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