Adriano Leite Ribeiro saiu das vielas da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, para se tornar Adriano Imperador, destaque do futebol mundial e ídolo nacional. E sem qualquer aviso ou preparo, voltou para o calor da família na comunidade carioca e largou para trás o grande sonho de todo menino: se tornar o próximo Bola de Ouro, o melhor entre os melhores.
“Você sabe o que é ser uma promessa? Eu sei. Inclusive uma promessa não cumprida. O maior desperdício do futebol: eu”.
Trecho do livro de Adriano Imperador
Agora, o ex-atleta deixa o pudor de lado para apresentar o Adriano longe do Imperador, um homem que, apesar de viver livremente, ainda se mantém refém de temas que ainda não conseguiu resolver por conta própria, como a morte do pai e as polêmicas que o cercam.
A editora Planeta lança a obra Adriano: Meu Medo Maior, narrado em primeira pessoa pelo ex-atleta e escrito pelo jornalista e documentarista Ulisses Neto. O repórter passou três anos e meio acompanhando o dia a dia de Adriano na Vila Cruzeiro, em compromissos profissionais, ao lado de amigos, familiares e fãs para tentar apresentar, nas pouco mais de 500 páginas do livro, o homem por trás da lenda.
“O Adriano está nu, ele está despido na frente dos leitores. Ele apresentou todas as camadas da vida dele nesse livro de uma maneira muito genuína e sincera. O Adriano realmente está ali para que as pessoas possam entendê-lo, para que as pessoas possam pelo menos criar uma opinião mais baseada na realidade que ele enxerga sobre a vida dele”, diz Ulisses, em conversa com o Metrópoles.
E o “Didico” pode até ter se tornado um ídolo nacional, mas nunca deixou para trás as suas raízes na Vila Cruzeiro, onde cresceu ao lado dos pais, Almir Leite e Rosilda Ribeiro, e amigos fiéis que manteve no decorrer da vida.
“O que mais chama atenção no Adriano é a compreensão de hoje ele tem que ser o cara que vai fazer o que ele quer fazer. E ele está bem ciente das consequências, mas ele desfruta de um nível de autonomia que uma pessoa comum não desfruta. Eu gosto muito da relação com a família dele, da relação muito próxima com a mãe, com o irmão, com as tias, eles se juntam com muita frequência”, conta o biógrafo.
Ulisses ainda comentou sobre as diferenças da obra para o documentário Adriano, Imperador, produzido pela Paramount+ e lançado em 2022, que também tenta desmembrar a pessoa física para a pessoa jurídica.
“O livro se aprofunda em todas as camadas da vida do Adriano. Você não vai ver só o jogador de futebol ou só o Adriano que perdeu o pai, entrou em depressão, bebeu mais do que devia e se aposentou. Você vai conseguir ter uma compreensão muito mais profunda do porquê ele teve essa relação com o pai tão forte a ponto de que o pai dele morreu há mais de 20 anos e até hoje ele ainda sofre com essa situação”, afirma.
"O Adriano é uma pessoa contraditória. Ele desfruta de uma liberdade que a gente não tem, mas, ao mesmo tempo, ele também é refém de algumas situações que ele não conseguiu superar", Ulisses Neto, biógrafo de Adriano.
As polêmicas do ídolo
Ulisses também garante que o livro não tenta inibir as grandes polêmicas que assolaram a vida do Imperador. A maior delas, por exemplo, são os apontamentos entre o ex-jogador de futebol e o tráfico de drogas — tema nunca comprovado e relacionado ao atleta apenas por suas amizades da Vila Cruzeiro.
“A gente trata de praticamente todas as polêmicas que o Adriano se envolveu nos últimos anos. As que foram mais fortes, ele não se furtou de falar. Sobre a ligação com o tráfico, a gente precisa fazer uma distinção de que ele nunca escondeu o relacionamento dele com pessoas ligadas a atividades criminosas, mas não que ele tenha ligação com o tráfico”, afirma.
“O que Adriano sempre falou foi: ‘Eu cresci com essas pessoas e eu não vou renegá-las agora que eu fiquei famoso e tive a oportunidade de morar em outro lugar'”, finaliza.
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