Em abril de 2025, completam-se 30 anos de Malhação, um projeto inovador que a Rede Globo criou em 1995 para captar o público adolescente e, até o seu fim, em 2020, revelou grandes nomes que hoje povoam o hall da fama da emissora. De André Marques a Alanis Guillen, a novelinha teen lançou astros e estrelas como Marjorie Estiano, Gabriel Leone, Débora Falabella, Cauã Reymond, Caio Castro, Bianca Bin, Humberto Carrão, Letícia Colin, Sophie Charlotte, Daniel de Oliveira, Rafael Vitti, entre outros.
Ao longo desses 25 anos, foram inúmeras tramas, ora desenvolvidas em uma academia de ginástica, ora em uma escola de ensino médio, com histórias girando em torno de dilemas juvenis e de muito romance, com o final feliz a cada temporada para os mocinhos da vez. Mas, quem acompanhou a jornada da novelinha teen desde o início jamais se esquecerá do primeiro casal de protagonistas que, contrariando as expectativas, não ficou junto no final: Héricles e Bella.
O jovem historiador inicialmente virgem aos 18 anos e a romântica estudante de medicina foram interpretados por Danton Mello e Juliana Martins. para celebrar a efeméride, o Correio promoveu um encontro virtual entre os dois artistas — que são amigos até hoje e relembraram os bastidores da época, falaram da importância do projeto e, principalmente, do frenesi causado pelo casal que interpretaram na primeira temporada. Com direito a um projeto hipotético de se produzir o reencontro também dos personagens, três décadas depois.
Jovens veteranos
À época com 20 e 21 anos, respectivamente, os jovens atores eram dois veteranos, na realidade. Eles já vinham de outros trabalhos na emissora e, coincidentemente, haviam estreado juntos, uma década antes, no mesmo trabalho: a novela A gata comeu, uma produção das seis da tarde que tinha um núcleo infantil muito forte, do qual eles faziam parte. E que também faz aniversário neste ano, celebrando quatro décadas. "Essa novela foi um marco que até hoje povoa o imaginário coletivo, com um séquito de fãs fervorosos", observa Danton, que viveu Cuca na produção assinada por Ivani Ribeiro e dirigida por Herval Rossano. "Quem não gostaria, quando criança, de ter um grupo de amigos como os curumins, com direito a casa na árvore e tudo?", questiona Juliana, intérprete da Suely.
O reencontro em Malhação foi bastante comemorado por Danton e Juliana. Hoje com 51 anos, recém-completados, a veterana atriz lembra que foi convidada de última hora para o trabalho. "Era um projeto novo da Globo, e eu tive a sensação de estar fazendo um projeto pessoal, mais íntimo, dentro de uma emissora tão grande. Porque eram jovens brasileiros fazendo um programa para jovens brasileiros, um veículo de identificação para a juventude", relembra.
Para Danton, essa é a força do programa. "Em A gata comeu, havia o núcleo infantil em meio a uma trama adulta, e Malhação tinha o jovem no protagonismo, com um núcleo adulto na periferia deles", explica ele, que completará 50 anos neste ano e, hoje, está no ar em Garota do momento, como pai do protagonista vivido por Pedro Novaes — que, aliás, viveu o último mocinho de Malhação, em 2020.
"Montaram uma academia para a gente, só jovem convivendo a semana toda, era uma delícia", lembra Danton, destacando que o projeto foi todo gravado na Cinédia, a famosa companhia cinematográfica responsável pela produção de diversos clássicos do nosso cinema. Ele também destaca o aprendizado e a parceria com os artistas do núcleo adulto Nair Bello, John Heberth e Silvia Pfeifer.
Fãs engajados
Juliana se recorda com carinho e admiração o engajamento dos fãs. "Era uma loucura, porque sempre tinha uma multidão de fãs na porta, foi um grande frisson. Nós sabíamos que não seria um projeto passageiro, tínhamos certeza de que a Malhação iria durar muito. Era uma responsabilidade muito grande nas nossas mãos, e nós sabíamos disso", conta ela, que também destaca o acolhimento dos colegas mais experientes.
Uma das grandes queixas do público, que perdura até hoje, é o fato de Héricles e Bella não terem tido um final feliz. A mocinha da temporada ficou com o primeiro namorado, o lutador de jiu jitsu Romão, vivido pelo ator Luigi Baricelli, enquanto Héricles, após uma decepção amorosa com a namorada que vivia na Grécia, se envolveu, na temporada seguinte, com Alex, vivida por Camila Pitanga. "Isso seria inaceitável nos dias de hoje, porque o relacionamento de Bella e Romão, um machista, era extremamente tóxico. Tenho um ranço até hoje dele", desabafa Juliana, deixando claro que sua bronca não é com o ator, de quem também é amiga.
A atriz, que fez alguns trabalhos na tevê em seguida, mas se dedicou mais ao teatro, sugere que seja escrito e produzido um reencontro do casal, um dos mais queridos do público que acompanhou a estreia. "Já pensei nisso. Bella e Héricles, 30 anos depois, mostrando não somente como eles vivem hoje, mas contando a história do Brasil e do mundo através da jornada deles", afirmou ela, que tem o apoio do colega. "Um spin off, por que não? Não fazem tantos?", provoca Danton, que, em janeiro deste ano, encontrou por acaso a amiga em uma rua no Rio de Janeiro e postou foto do reencontro, levando os fãs da Malhação raiz à loucura.
Mãe de Luísa, 24, e formada em letras e comunicação social, Juliana Martins concluiu, no ano passado, aos 50, a faculdade de Artes Cênicas da Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro. Após produzir e protagonizar diversas temporadas do espetáculo Eu te amo, baseado na obra de Arnaldo Jabor, ela estreou nesse sábado (8/3), Dia Internacional da Mulher, em São Paulo, a comédia O prazer é todo nosso, onde conta, com naturalidade e humor, suas próprias experiências, misturadas com as de amigas, após o término de um casamento de 19 anos.
Por sua vez, morando em São Paulo, Danton celebra a chegada ao cinquentenário com o sucesso de Garota do momento e a reprise de Tieta, em que viveu peto, filho caçula da vilã Perpétua (Joana Fomm). Além disso, o pai de Luísa, 23, e Alice, 21, celebra o remake de Vale tudo, onde interpretou Bruno, filho de Antonio Fagundes e Cássia Kis — novela que se junta ao rol de outros grandes êxitos na teledramaturgia, como A viagem, Hilda Furacão, Terra Nostra, Cabocla, Sinhá Moça, Caminho das Índias, Órfãos da terra e Justiça 2.
Como se não bastasse, o mineiro de Passos ainda comemora o êxito do irmão mais velho, Selton Mello, que é um dos protagonistas de Ainda estou aqui, ganhador do Oscar 2025 de Melhor Filme Estrangeiro.
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