Quinze anos antes de “Ainda Estou Aqui”, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” foi o último filme a integrar a pré-lista da premiação do Oscar. O longa também narra os traumas familiares causados pela repreensão da Ditadura Militar no Brasil. E essa também é história do próprio diretor, Cao Hamburger, que teve o pai e mãe levados pelo regime no mesmo período de Marcelo Rubens Paiva.
Em entrevista ao Portal LeoDias, Cao refletiu sobre como a partir do cinema brasileiro é possível contar a história dos “filhos da Ditadura”. Durante o bate-papo, o cineasta, que também é um dos criadores de “Castelo Rá-Tim-Bum”, falou também sobre novos projetos e da torcida que Fernanda Torres ganhe o prêmio de Melhor Atriz – e com qual personagem de “Castelo” o jeito de Fernanda parece mais.
Lançado em 2006, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” narra a história de Mauro, cujos pais vão para o exílio devido à perseguição durante a Ditadura Militar no Brasil.Segundo Cao, a intenção em contar a história a partir da perspectiva de uma criança foi de justamente retratar a forma como ele enxergava o Brasil daquela época.
Ou seja, contar a história a partir da perspectiva dos “filhos da ditadura”, como foi o caso do cinema argentino, que também chegou ao Oscar com filmes sobre a ditadura no país, como ressalta o diretor.
“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”é ambientado durante a Copa do Mundo de 1970, dois anos depois do AI-5, responsável pela perseguição de políticos e intelectuais durante o regime.
Foi neste mesmo período em que Rubens Paiva, que inspira a trama de “Ainda Estou Aqui”, e os pais do próprio Cao Hamburger, diretor de “O Ano…”, foram “sequestrados”, como lembra o diretor.
“Por sorte, meus pais voltaram para casa, mas a experiência foi muito traumática para a família inteira. Porque isso não dá para chamar de prisão, foram sequestros sem julgamento e com o perigo muito grande, como é o caso do Rubens, deles nunca voltarem para casa”, conta.
No Oscar de 2008, o filme de Cao esteve na pré-lista dos indicados à premiação. Para o diretor, as indicações de “Ainda Estou Aqui”, quinze anos, são mais que merecidas, considerando o período em que o filme concorre à premiação.
”Em 2006, nem se falava em um retorno da Ditadura Militar e achava que a democracia ia permanecer impecável. Mas hoje, vivemos momentos muito tensos com os casos que vimos no Brasil nos últimos anos e também nos próprios Estados Unidos (EUA). Então, além do filme ser muito forte e com uma direção muito firme, o contexto atual do mundo também faz esse filme ser bem mais relevante”, argumenta.
Tá… mas você viu a Fernanda Torres?
E falando sobre “Ainda Estou Aqui”, é claro que não poderia ficar de fora a torcida para o Oscar de Melhor Atriz de Fernanda Torres, quem Cao afirmou que dá de dez a zero na concorrência.
O diretor, que também é criador de o “Castelo Rá-Tim-Bum”, também caiu na gargalhada as comparações da atriz de Fátima em “Tapas e Beijos” com os personagens do “Castelo”.
“A Fernanda daria para qualquer personagem, tudo que ela faz é maravilhoso. Ela tem uma energia, um brilho próprio. E é engraçado que os personagens têm essa mesma energia. Seria lindo ela como Penélope [interpretada por Angela Dippe]”, concluiu.
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