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Chapada Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2023, 17:53 - A | A

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casa de dona Leopoldina

Artista grafita fachada de casa tombada pelo patrimônio histórico em Chapada

Ao Alô Chapada, Badaró disse que não sabia que a pequena casa, de telhas de barro e paredes de adobe, era tombada pelo patrimônio histórico.

KATIANA PEREIRA
Da Redação

 O artista Luis Badaró assumiu a responsabilidade pelo grafite feito na parede da casa secular da dona Leopoldina Linda da Silva, localizada na avenida Fernando Corrêa, a principal de Chapada dos Guimarães, ao lado da Igreja de Sant'Anna. A arte foi feita no último fim de semana e após algumas imagens do grafite terem sido compartilhadas em grupos de whats, moradores reabriram a discussão sobre a preservação do patrimônio. 

Ao Alô Chapada, Badaró afirmou que não sabia que a pequena casa, de telhas de barro e paredes de adobe, é tombada. “Sou artista e não sabia que o local era tombado. Perguntei para algumas pessoas no entorno e me falaram que a casa estava numa disputa entre herdeiros”, resumiu.

O prefeito de Chapada dos Guimarães disse ter recebido com tristeza a imagem da casa com o grafite no imóvel é tombado pelo patrimônio histórico, assim como todo o entorno da praça Dom Wunibaldo, que está fechada para reforma. “Vamos ter que notificar todos os moradores do entorno da praça. Os imóveis são tombados e devem manter as suas características. O que aconteceu é triste, mas também é um alerta sobre a necessidade de preservação do patrimônio”, pontuou.

Segundo o gestor, a Prefeitura chegou a fazer uma proposta para desapropriar a casa de Dona Leopoldina, mas não houve acordo com a família, que pediu uma indenização de R$ 1,2 milhão. Valor quatro vezes maior do que a avaliação feita pelos técnicos. Um dos problemas na questão imobiliária, é que parte do terreno onde a casa foi construída está em terra devoluta, conforme o prefeito.

Froner informou ainda que solicitou uma visita da equipe técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que estiveram no local e até o momento não fizeram orientações sobre as medidas a serem tomadas e de que forma o municipio pode intervir para garantir esse patrimônio da casa da Dona Leopoldina. "Avisei minha equipe para se antecipar e notificar tanto o representante do espólio e também a Sorveteria junto ao imóvel", disse.

A artista Ruth Albernaz analisou que a questão deve ser vista de uma forma ampla e desperta a necessidade urgente da gestão municipal, Iphan e a propria comunidade unir esforços para a preservação das poucas moradias tipicamente chapadense.

Erica Froner

Dona Leopoldina

 


 

"A casa de dona Leopoldina é um ícone da arquitetura tipicamente chapadense, pé direito baixo por causa do nevoeiro, telha coxa e as cores da padroeira Nossa Senhora de Santana (branco e azul). A casa não está localizada em um lugar qualquer da cidade, mas no entorno do primeiro bem tombado pelo Iphan em Mato Grosso. Em frente a essa casa que está em ruína o governo estadual investiu 14,5 milhões em uma reforma na praça e rua Quinco Caldas que não dialoga com o entorno, com a cultura, história e ambiente, gerando o que chamamos de memoricídio", analisou a artista.

Ruth disse ainda que "É preciso investir em educação cultural e patrimonial em Chapada, para que haja uma percepção da importância da nossa identidade tão única e de uma riqueza imensurável. É urgente que toda sociedade chapadense junto ao poder público crie ações de salvaguarda do nosso patrimônio cultural", ponderou.

Morador de Chapada, o ambientalista Noam Salzstein, avalia que o caso chama a atenção para a necessidade de uma maior atuação do Iphan. “O considero realmente triste é o estado da casa, que é um patrimônio histórico, arquitetônico e cultural da cidade. Também sinto falta de maior atuação do Iphan, visto que há comércio descaracterizando a fachada para colocar letreiros e painéis chamativos. Também achei a reforma da praça desnecessária, ou no mínimo não prioritária, considerando outras demandas bem mais urgentes, como o lixão, acesso ao bairro Sol Nascente, etc”, argumentou à reportagem.

Quem também espera que a situação chame a atenção das autoridades é o pesquisador Francisco das Chagas, que constantemente faz postagem no grupo Chapada de Outrora, no Facebook, alertando sobre a deterioração do imóvel.

“Dona Leopoldina fazia parte do cotidiano do povo Chapadense, sempre muito solícita, fazia o bem sem olhar a quem. Uma fatalidade encerrou a jornada dela na terra, partindo para a eternidade no dia 5 de dezembro de 2016. A sua casinha vai resistindo ao tempo, quem sabe agora com a reforma da praça Dom Wunibaldo, reformem também a pequena casinha de Dindinha”, postou.

Luís Minhoca

Pixação

 

 DONA LEOPOLDINA

Leopoldina era uma dona de casa muito simples e afável. Nunca perdia as missas de domingo. Em pleno Século XXI, e até seu falecimento, somente utilizava luz de lampião (nunca desejou ter ligação elétrica em casa), bem como nunca teve botijão de gás em sua cozinha, preferindo o bom e velho fogão a lenha.

Em uma sua homenagem, a Prefeitura Municipal de Chapada dos Guimarães, através do Decreto nº. 041/2020 de 31 de março de 2021, declarou a casa de Dona Leopoldina como de Utilidade Pública, e projeta destiná-la para a criação de um Centro Cultural e de Atendimento ao Turista.

 

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Marta Stochi 21/02/2023

Não conheci Dona Leopoldina, mas acho que ela teria amado esse grafite! Mas convenhamos, quase 15 milhões pra reformar a Praça, é menosprezar nossa inteligência!

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1 comentários