Há certos dias que a gente acorda e demora para ‘engrenar’ na rotina do dia a dia.
Hoje estou assim.
Já li os principais jornais do país.
Vasculhei o celular e sinto que falta algo que não consigo identificar.
É ruim a sensação que nada está bom.
Saudade, tristeza, monotonia, lembrança de não poder estar com alguém?
Limitações que a idade nos impõe nos deslocamentos?
Por isso não posso sair de casa ou receber visitas, exceto os familiares, quando estou à vontade para me retirar e deitar na cama.
Escrevo tentando ‘engrenar’ e prosseguir meu devaneio, sem querer transferir esse meu ‘desencanto’ a terceiros.
A ‘disautonomia’ que ganhei e não me abandona, talvez seja a causa do meu sofrimento em não ‘engrenar’.
Se estivesse deitado para dormir é como se ouvisse o ‘tic-tac’ do despertador na mesinha da cabeceira da cama.
Nada aconselhável para servir de companhia.
Escrever sobre doenças não é agradável aos leitores, mas útil.
Quantos são ‘portadores sem saber’, desse mal que não mata, mas não tem cura?
A ‘tonteira’ que a disautonomia causa, me obrigou a mudar de hábitos, como fazer a barba de pé, em frente ao espelho do banheiro.
Hoje estou demorando para ‘engrenar’ e isso me chateia muito.
Escrevo não concentrado, com o meu pensamento passeando pelas minhas sinapses cerebrais.
Não gosto de fazer comparações, mas, me julgo um felizardo com a vida que ganhei.
Mesmo demorando a ‘engrenar’ em certos dias, agradeço ao Senhor, pelas bênçãos recebidas em abundância.
Consegui terminar de escrever esta crônica, mesmo ‘sem engrenar’.
*Gabriel Novis Neves é médico, fundador e ex reitor da UFMT
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Deuseni noleto meira 23/08/2024
Muito bom texto, leva-nos a refletir sobre nosso futuro próximo..
1 comentários