Organizado por Lúcio Vilar, o livro Luz câmera...crítica, que reúne os textos de Linduarte Noronha, será lançado no 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O livro traz à tona uma seleção de 64 textos de Noronha extraídos de mais de 900 escritos e publicados no jornal A União. A coletânea não só resgata a importância da crítica de cinema na formação de um olhar mais apurado para a sétima arte, mas também serve como um testemunho da evolução do cinema nacional. Com o apoio de instituições como a Empresa Paraibana de Comunicação e o Iphaep, a obra promete um circuito de lançamentos que visa disseminar o conhecimento sobre a obra de Noronha em festivais e universidades.
O livro representa uma valiosa contribuição para a história do cinema brasileiro e latino-americano. Com origens periféricas, Noronha começou a publicar artigos sobre as escolas do cinema, como a nouvelle vague e o neorealismo italiano, ao mesmo tempo em que refletia sobre o contexto social e cultural da época. A análise perspicaz e o apreço pelo experimentalismo, em especial em relação ao curta-metragem O Pátio, de Glauber Rocha, estabelecem Noronha como figura central na crítica cinematográfica brasileira, introduzindo uma nova perspectiva que buscava entender e valorizar a produção local.
As décadas de 1950 e 1960 no Brasil marcam a abertura da produção cinematográfica do país. Movimentos como o cinema novo e grandes nomes da sétima arte brasileira ganharam notoriedade nesse período. A fomentação da cultura nacional passou e passa por dificuldades, que muitas vezes são superadas com a força do coletivo. Este é o caso de Linduarte Noronha, que dialogou com quase todos os movimentos cinematográficos da época. Entender a importância do trabalho de Noronha e toda a contribuição que deu para o audiovisual foi o que levou Lúcio Vilar a reunir alguns dos textos mais emblemáticos do crítico. O professor aposentado da UFPB morreu em 2012 e deixou um legado para futuros cineastas se inspirarem, não só com os textos, mas também com produções, como o filme Aruanda. No longa, Noronha retrata a vivência quilombola no Nordeste, região à qual ele sempre se manteve fiel.
Ruy Guerra, um dos ícones do cinema brasileiro, também reconheceu o valor do projeto, sugerindo que a leitura dos textos deveria ser obrigatória nas escolas como parte da narrativa cultural do Brasil. Essa afirmação ressalta a relevância de Noronha não apenas como crítico, mas como um pensador que conseguiu prever algumas lacunas na cultura nacional. O crítico acreditava que a produção cinematográfica deveria ser voltada para questões sociais, para a realidade, pois só assim alcançaria a forma máxima.
Lúcio Vilar, organizador da obra, é um nome respeitado no cenário acadêmico e audiovisual da Paraíba, docente na Universidade Federal da Paraíba. Com uma carreira dedicada ao documentário e à promoção da história do cinema brasileiro, ele se debruçou sobre o resgate e organização dos escritos de Noronha como um compromisso com a preservação da história do cinema e com a formação crítica dos novos cineastas.
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