O Comandante-Geral da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT), coronel Alexandre Mendes, comunicou que está prestes a deixar o comando da corporação, após dois anos, sete meses e 21 dias de gestão. A mensagem veio à tona nesta sexta-feira (22).
Na despedida, o coronel destacou o intenso trabalho da PM no combate ao crime organizado e atribuiu a impunidade à “legislação obscena” do país.
“Foi contra as facções que mais centramos energia e esforço. Nesta luta imperioso afirmar que não houvera negligência ou qualquer ponta de omissão. Covardia, jamais”, disparou.
Mendes repudiou ainda a tentativa de responsabilizar uma única instituição pelo avanço das organizações criminosas no Estado.
“Ponderar o crescimento desse câncer social, chamado crime organizado, a partir da exclusiva responsabilidade desta ou daquela instituição ignora o problema de caráter sistêmico que temos enfrentado. Respostas pontuais, como nossa saída, caso efetivamente contribua para a guerra contra as facções têm certamente a mim como primeiro apoiador”, escreveu.
Ainda no comunicado, o coronel fez questão de homenagear sua equipe de comando, citando nominalmente a coronel Francyanne, chefe do Estado-Maior, e o subchefe coronel José Nildo, que, segundo ele, dedicaram-se incansavelmente ao enfrentamento da criminalidade, além de agradecer a topa tropa.
“Encerro um ciclo da minha vida com a serenidade e a cabeça erguida de quem doou tudo de si, muitas vezes, secundarizando o convívio familiar em proveito da missão e da sociedade mato-grossense, missão esta que estou em vias de concluir com a consciência e a honra inatacáveis”, finalizou.
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Comunicado à tropa: gratidão e fim de ciclão
“Há tempo para todas as coisas debaixo do céu”, diz a Palavra de Deus. E crendo que sob sua direção conduzi a Polícia Militar de Mato Grosso nesses dois anos, sete meses e vinte e um dias, a contar de hoje, comunico a todos que passarei o Comando da PMMT em data próxima.
Neste momento de balanço e reflexão, não me ocorre palavra a não ser aquela que visa agradecer quem esteve comigo nesses dias de luta. Pois, mais importante que a própria guerra é quem está com você na trincheira ao lado. Quem viveu comigo dias de trabalho incansável contra o crime organizado acima de tudo. Dias vividos no combate das ruas com a tropa nas centenas de operações em todo o Estado. Dias de reuniões intermináveis em busca de soluções e da melhoria das condições de trabalho e da valorização profissional , pois essa necessitamos urgente de tratamento igualitário com as demais classes. Dias de portas abertas e fechadas. Dias de sol e chuva de norte a sul deste continental Mato Grosso que tive a honra de percorrer, município a município, unidade a unidade da PMMT, olhando no rosto de cada policial militar, ouvindo suas necessidades e levando saídas que não foram fáceis conquistar, e cuja lembrança a essa altura ofuscaria o que tenho a dizer aqui e agora: gratidão a quem lutou comigo; gratidão sobretudo ao meu Estado-Maior, Cel PM Francyanne, que travou este bom combate com galhardia heroica, ao meu Subchefe, Cel PM José Nildo, homem de honra que fez da função que ora exerce sua própria vida e motor que o move 24h contra a criminalidade. Agradeço, como não poderia deixar de ser nessa hora, a cada policial militar, oficiais e praças, que me deram a honra do Comando*. A cada homem e mulher dessa tropa sem par, constituída de heróis anônimos, cujo esforço nosso em premiar foi constante, a despeito dos nãos recebidos.
Cabe, ainda, ressaltar nessa ocasião de cômputo, dizer com todas as letras contra quem lutamos e a série de porquês passarei a função com o absoluto sentimento do dever cumprido. Foi contra as facções que mais centramos energia e esforço. Nesta luta, imperioso afirmar não houvera negligência ou qualquer ponta de omissão. Covardia, jamais. Demos a testa à essa luta com os meios e a profundidade que a legislação permite, e aqui, neste ponto, reside todos os porquês pelos quais defendemos todas as nossas ações nesses quase três anos: prendemos e prendemos muito, mas temos uma legislação obscena em matéria de impunidade, sejamos francos.
Ponderar o crescimento desse câncer social, chamado crime organizado, a partir da exclusiva responsabilidade desta ou daquela instituição ignora o problema de caráter sistêmico que temos enfrentado. Respostas pontuais, como nossa saída, caso efetivamente contribua para a guerra contra as facções têm certamente a mim como primeiro apoiador.
Encerro um ciclo da minha vida com a serenidade e a cabeça erguida de quem doou tudo de si, muitas vezes, secundarizando o convívio familiar em proveito da missão e da sociedade mato-grossense, missão esta que estou em vias de concluir com a consciência e a honra inatacáveis.
Encerro esse comunicado, exatamente como comecei, com a Palavra de Deus: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”
Alexandre Mendes – Cel PM
Comandante-Geral da PMMT
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