A crise das queimadas no Brasil chamou atenção do país há duas semanas, quando a fumaça gerada por incêndios de Norte a Sul do país cobriu o céu boa parte do país.
Em Estados como São Paulo, aulas foram suspensas, voos foram cancelados e aeroportos temporariamente fechados.
Mas apesar da aparente volta à normalidade, a realidade é que esta crise ainda está longe de acabar.
Até terça-feira (3/9), o país já tinha registrado mais de 135 mil focos de incêndio, um aumento de 101% em relação ao mesmo período de 2023.
A expectativa, segundo especialistas, é de que a temporada de queimadas se extenda por pelo mais um mês e meio, no mínimo.
Em meio a este cenário, o presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, vem gerindo o que é, provavelmente, a pior crise de sua gestão no órgão até agora.
Cobrado em diversas frentes, ele afirmou, em entrevista à BBC News Brasil, que o problema das queimadas não será resolvido apenas com a contratação de mais brigadistas.
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"O governo não tem como ter um fiscal em cada esquina. Existe um grande equívoco nesse raciocínio. Não é o governo que coloca fogo", disse Agostinho na última quinta-feira (29/8), quando a entrevista foi concedida.
Segundo ele, os números recordes de queimadas no Brasil (os piores desde 2010) s devem a uma conjunção de fatores que envolve o agravamento das mudanças climáticas e uma nova tendência de destruição das florestas nativas do país.
Agostinho diz que grileiros estão trocando o desmatamento tradicional pela utilização do fogo para abrir novas destinadas à pecuária, especialmente no sul da Amazônia.
"Provavelmente, tem gente se aproveitando da seca extrema para ampliar suas áreas sem necessariamente fazer desmatamento, e sim, através do fogo", afirmou.
Na entrevista, Agostinho rebate as críticas de que o governo federal falhou na prevenção contra as queimadas e diz que o problema só será resolvido no país quando houver uma mudança na sociedade.
"Não faz sentido o governo ter que gastar tantos recursos combatendo queimadas", afirmou.
Agostinho, que já atuou como deputado federal e integrava a bancada ambientalista no Congresso, também fez uma crítica à impunidade ambiental apontando que as penas para crimes ambientais são brandas, o que permite que pessoas envolvidas em grandes queimadas escapem com punições leves.
"A legislação brasileira precisa ser mais dura", disse.
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