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Opinião Quarta-feira, 02 de Outubro de 2024, 08:30 - A | A

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SOLANGE DE MORAIS MONTANHA

A fumaça das queimadas e os impactos na saúde

Solange de Morais Montanha

As altas temperaturas e a baixa umidade do ar têm provocado inúmeras queimadas no Brasil. Em Mato Grosso, não tem sido diferente, os focos de incêndios têm sido frequentes, inclusive em Cuiabá. Mas de que forma a fumaça provocada pelo fogo pode prejudicar a saúde e o que pode ser feito para amenizar esse problema?

As queimadas resultam na poluição que paira no ar, muitas vezes turvo e difícil de respirar. Situações que levam ao agravamento de quadros como asma, fibrose pulmonar, hipertensão pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entre outras doenças do sistema respiratório. Além da irritação de mucosas como olhos, nariz e boca.

E a forma de se proteger, inicialmente, é evitar a inalação das partículas de poluição, porém se isso não for possível há medidas que minimizam como aumentar a ingestão de água e líquidos, permanecer em ambientes internos, mantendo portas e janelas fechadas. Se possível, usem purificadores de ar ou ventiladores e deixem toalhas molhadas dentro de casa para ajudar a umidificar o ambiente. Evitem realizar exercícios físicos moderados ou intensos ao ar livre em qualquer horário.

Especificamente para proteção contra partículas finas, podem ser usadas máscaras do tipo N95 ou PFF2 em saídas ao ar livre. A máscara cirúrgica, panos, lenços ou bandanas somente protegem contra partículas grossas como a fuligem.

Apesar de impactar a saúde de todos, há grupos que são mais prejudicados pela poluição causada pela fumaça. É o caso de crianças menores de 5 anos, gestantes e idosos acima dos 60 anos.

Além de todas as medidas como se hidratar e evitar a exposição aos poluentes. Essas pessoas devem ficar atentas a sintomas como dificuldades para respirar, mal-estar, tosse, e nestes casos procurar atendimento médico o mais rápido possível.

Quem já faz uso de medicações durante crises de doenças crônicas como asma, DPOC, fibrose pulmonar ou outra doença respiratória, vale reforçar a manutenção das medicações em casa. Entretanto, é necessário verificar com o seu médico quando usá-las e a dosagem mais adequada. Em caso de piora dos sintomas habituais, busque o serviço médico de emergência.

De acordo com os relatórios State of Global Air 2024, que analisam a qualidade do ar e impactos na saúde para países ao redor do mundo, a poluição do ar foi responsável por 8,1 milhões de mortes, globalmente, em 2021. A pesquisa revela que a baixa qualidade do ar está ligada a quase 90% das mortes por doenças cardíacas, AVC, diabetes, câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

Em 2021, mais de 700 mil óbitos de crianças menores de 5 anos foram atribuídos à poluição do ar; isso representa 15% de todas as mortes globais, nessa faixa etária.

Levantamento do Centro de Consenso de Copenhague, organização americana que faz análise de políticas públicas, aponta que no Brasil, estima-se que 49 mil pessoas morram todos os anos por causa da poluição atmosférica.

Um estudo do epidemiologista e professor do Instituto de Saúde Global em Barcelona (Espanha), Otavio Ranzini, destaca que as queimadas resultam no aumento expressivo de hospitalizações e mortalidade por problemas respiratórios e cardiovasculares nas regiões mais atingidas pelos incêndios.

Vale lembrar que além de causar danos de curto e longo prazo à saúde, as queimadas destroem a biodiversidade e provocam alterações climáticas. Sendo assim, a melhor estratégia é preservar o meio ambiente e desse modo, teremos um ar mais puro e saudável.

*Solange de Morais Montanha é médica Pneumologista com doutorado em Saúde Pública, atende no Hospital São Mateus, em Cuiabá.

 

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