O preço da carne bovina segue em alta e alcançou, na 48ª semana de 2024, o maior valor da história em Mato Grosso, conforme apontado no boletim semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA). A arroba do boi gordo foi cotada a R$ 322,87, superando o recorde anterior registrado em 2022.
A valorização não é uma surpresa: a alta no preço da carne tem sido uma constante nos últimos anos, impulsionada por fatores como a redução no abate de matrizes e o aumento da demanda tanto no mercado interno quanto no externo. Segundo o IMEA, o cenário atual reflete uma inversão no ciclo pecuário, marcada pela menor oferta de bezerros e pelo impacto acumulado do descarte de fêmeas iniciado em 2022.
"Estamos lidando com um equilíbrio delicado. A oferta não tem acompanhado a crescente demanda por carne bovina, o que sustenta preços elevados em toda a cadeia produtiva", explica Vilmondes Tomain, presidente do IMEA.
Além disso, as exportações de carne do estado registraram forte crescimento, com o volume aumentando de forma expressiva em outubro. Esse movimento, embora beneficie o agronegócio, reduz a disponibilidade do produto no mercado interno, pressionando ainda mais os preços ao consumidor.
Nas prateleiras dos supermercados, a alta nos preços já é sentida. "É difícil encontrar carne de qualidade a preços acessíveis", desabafa Renata Silva, consumidora em Cuiabá. Essa realidade está levando muitos consumidores a buscarem alternativas, como substituição por proteínas mais baratas ou redução no consumo de carne bovina.
O IMEA também apontou que a valorização semanal da vaca gorda (+2,09%) e do bezerro (+0,19%) reforçam a tendência de manutenção dos preços elevados nos próximos meses.
O que esperar para 2025?
A previsão é de que o cenário de preços elevados persista, pelo menos a curto prazo. "O ciclo pecuário demora a se reverter. Mesmo com uma possível recuperação na produção de bezerros, os impactos demoram a chegar ao consumidor final", afirma Tomain.
Com o verão e as festas de fim de ano se aproximando, a demanda por carne bovina deve intensificar, dificultando qualquer alívio nos preços. Para muitos brasileiros, a tradicional ceia de Natal pode pesar mais no bolso este ano.
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