Estudos apontam que o país, cuja produção de etanol de milho alcança mais de seis bilhões de litros, deverá chegar a algo entre 13 e 15 bilhões até 2032. Se esta projeção se confirmar, o Brasil se tornará o maior produtor desse tipo de biocombustível no mundo, com Mato Grosso reafirmando um importante protagonismo dentro desse mercado.
O estado concentra hoje 70% da safra nacional de milho. Em 2022, foi responsável pela produção de 4,39 milhões de metros cúbicos, consolidando-se como o principal polo de produção de etanol de milho no país. Das 20 usinas em operação no país, 11 são mato-grossenses.
No entanto, um dos maiores desafios da região é a falta de armazenagem, que pode prejudicar o escoamento eficiente da produção. Em 2022/23, o déficit em Mato Grosso foi de 64 milhões de toneladas.
Para os produtores de milho, esta pode ser uma grande oportunidade para investir na verticalização da produção, tornando-se também industriais ao transformar sua safra em etanol de milho e derivados. Com uma tonelada de milho, é possível produzir 440 litros de etanol, além de subprodutos valiosos como grãos de destilaria (DDGs), óleo de milho e bioeletricidade.
“Um dos maiores desafios da região é a falta de armazenagem, que pode prejudicar o escoamento eficiente da produção. Em 2022/23, o déficit em Mato Grosso foi de 64 milhões de toneladas”
Esse modelo permite que os produtores agreguem valor à sua matéria-prima, diversifiquem suas fontes de receita e reduzam a dependência de preços voláteis no mercado de commodities.
Além disso, eles podem se unir em cooperativas, que são uma maneira eficiente de compartilhar custos e aumentar a escala de produção. Ao se organizarem em grupos, os produtores podem investir coletivamente na construção de usinas de etanol de milho, garantindo maior poder de negociação e melhores condições de mercado.
Vale lembrar também a vantagem que o etanol de milho representa em tempos de preocupação com a questão ambiental. Ele é uma alternativa mais limpa comparada aos combustíveis fósseis. Segundo dados do USDA, o etanol de milho emite 30% menos carbono do que a gasolina. Ou seja, além de fortalecer a economia regional e criar empregos, ele gera valor para os produtores, contribuindo para uma matriz energética mais limpa.
O mercado sabe desse potencial e oferece diversas oportunidades de financiamento para produtores e investidores que desejam entrar no setor de etanol de milho. Uma das principais ferramentas de captação de recursos é o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), mas existem também financiamentos atrás do Fundo Clima (BNDES) e do Programa Finep (BNDES).
Por meio desses instrumentos é possível acessar recursos de longo prazo com condições vantajosas, permitindo tanto o financiamento de novas usinas como a modernização de operações existentes.
Para finalizar, mais uma dica importante. As possibilidades são inúmeras, mas é imprescindível que o produtor busque parceiros estratégicos que auxiliem na captação de recursos e na estruturação financeira.
Pablo Padilha é diretor da COFAN
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