Vivemos cercados por histórias. Desde as que contamos a nós mesmos até as que ouvimos e compartilhamos com os outros, cada narrativa tem múltiplas versões, dependendo da perspectiva de quem a vive ou a observa. Mas, entre todas essas histórias, existe uma em que somos protagonistas: a nossa própria. No entanto, quantas vezes, ao invés de cuidar da nossa história, nos vemos imersos nas histórias alheias, julgando, interpretando e projetando nossas próprias crenças e inseguranças sobre elas? O ponto de vista sobre qualquer situação é sempre subjetivo. A posição que ocupamos na história – seja como protagonista, coadjuvante ou espectador – determina como enxergamos os acontecimentos. Quando falamos de nossa própria vida, temos o poder de ser protagonistas, mas será que, de fato, estamos assumindo esse papel com consciência e responsabilidade? Ou muitas vezes nos vemos como coadjuvantes, observadores ou até críticos das histórias dos outros, sem realmente vivê-las ou compreendê-las?
A verdadeira chave para o bem-estar emocional, tanto pessoal quanto interpessoal, está na capacidade de trocar o julgamento pela compreensão, a crítica pela escuta ativa, a cobrança pelo acolhimento. Ao cuidarmos de nossa própria história com atenção e carinho, criamos o espaço necessário para estarmos mais presentes e mais compassivos com os outros, sem a necessidade de interferir ou de assumir o controle sobre suas narrativas.
Cuidar de si mesmo, portanto, não significa apenas tratar os sintomas de ansiedade ou sofrimento, mas também adotar uma postura mais reflexiva sobre o papel que escolhemos desempenhar nas histórias ao nosso redor. Será que estamos vivendo a nossa história como protagonistas ou estamos, por medo ou insegurança, assumindo o papel de observadores, julgadores das histórias dos outros?
É fundamental entender que, ao nos focarmos no julgamento do outro, estamos negligenciando nossa própria jornada. O cuidado consigo mesmo não é um ato egoísta, mas sim um passo crucial para a construção de uma vida mais equilibrada e saudável. E esse cuidado se reflete nas nossas relações, no modo como lidamos com as diferenças e com os desafios que surgem.
Por isso, a reflexão é inevitável: como você está cuidando do protagonismo da sua história? Está assumindo as rédeas do seu próprio enredo, ou se perdeu nos julgamentos das narrativas alheias?
Este é um convite para que, em vez de simplesmente tratar a ansiedade ou as dificuldades, você se pergunte: como pode cuidar melhor de si mesmo, abraçando sua história e respeitando a dos outros? Quando nos tornamos protagonistas da nossa própria vida, as mudanças começam a acontecer, não só dentro de nós, mas também nas nossas relações, tornando-as mais empáticas, menos críticas e mais enriquecedoras.
*Geovana Arruda é Psicóloga Clínica.
O Alô Chapada não se responsabiliza pelas opiniões emitidas neste espaço, que é de livre manifestação
Entre no grupo do Alô Chapada no WhatsApp e receba notícias em tempo real