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Opinião Quarta-feira, 11 de Setembro de 2024, 19:00 - A | A

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Rubem Mauro Palma de Moura

A seca atual e as históricas

Rubem Mauro Palma de Moura

A seca pela qual estamos passando não é a única nem muito menos a última deste século, pois tudo indica, pelo que tem nos mostrado os estudos, que outras virão e muitas já ocorreram. Este artigo mostra secas passadas, contradizendo os que vociferam que essa que estamos vivendo agora tem tudo a ver com a poluição atmosférica, ou o desmatamento do cerrado, matas e supressão de gramíneas naturais, substituídas por lavouras e por outras mais palatável ao gado e outros animais silvestres herbívoros, como descrevemos a seguir. Ela é cíclica e natural.

Há cerca de 70 anos, mais precisamente nas décadas de 1960/1970, vivemos a única seca da qual temos dados que a comprovam. Foi de 1963 a 1973. Os dados fluviométricos na régua de Cuiabá refletem, em vazão, aquilo que precipitou na bacia de contribuição a montante da nossa cidade. Passou por Cuiabá nada mais ou menos do que 44m3/seg., quando a média histórica era de 80m3/seg., ou seja, uma seca severa.

Em 1856, dados por mim levantados, mostram diversos fatos de que nesse ano houve uma seca muito grande, evidências que escreverei abaixo.

a) Na carta náutica feita por Augusto de Leverger, o nosso “Barão de Melgaço”, descrevendo o trecho do Rio Cuiabá de nossa cidade até as Colinas do Melgaço, pontua que, na maioria desse trecho, a altura de água não é mais do que 4 palmos, o que evidencia baixíssima vazão, mostrando uma seca severa que passamos naquele ano, ou período.

b) Nesse mesmo ano, a Assembleia Provincial de MT disponibilizou 2000,00 réis para fechar cada boca de corixo, ou braço de rio, a fim de propiciar a navegação no leito principal do nosso Rio Cuiabá, que era naquele tempo nossa única comunicação com o resto do país.

c) Nessa mesma época, a Assembleia Provincial de MT editou norma proibindo, por 3 anos, a pesca com rede na bacia do Cuiabá, a fim de preservar os cardumes. Isso nos leva mais uma vez a acreditar que estávamos passando por uma seca enorme, com reflexo na baixa vazão do Rio, que impedia o alagamento do Pantanal, sem o qual a reprodução dos peixes, é muito baixa.

d) Convidado que fui para palestrar sobre a importância dos Cursos de Engenharia Sanitária e Ambiental na cidade de Feira de Santana, ouvi, em discurso do Vice-governador da Bahia, sobre a seca no ano de 1856. Isso mostra que a seca no Nordeste no Centro-Oeste e Norte, ocorreram, como mostrei acima, e que está ocorrendo agora.

Vamos torcer para que esse período de seca pelo que estamos passando tenha vida curta.

*Rubem Mauro Palma de Moura é Engenheiro Civil e Sanitarista, com especialização em Hidráulica e Saneamento pela USP São Carlos e Mestre em Ambiente e Desenvolvimento Regional pela UFMT.

 

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CARLOS ROBERTO DE ASSIS 11/09/2024

Perfeito Rubem Mauro, a seca, o calor e as queimadas são cíclicas. Sou mineiro e moro em Cuiabá desde 1980, os meses de agosto, setembro e outubro são os mais calorentos. Consultem as queimadas que aconteceram no Google, a de 1987 foi muito semelhante a de agora, até o aeroporto foi fechado para vôos. E logo ali em 2021, lembra como foi? Temos que aprender que quem regula o clima na terra é a atividade solar e sua influência na superfície terrestre, aliás, 2/3, formada pelos oceanos. E não esqueçamos também dos movimentos da terra em torno do seu próprio eixo e em torno do SOL, que produzem ao longo do tempo, as grandes correntes de ar na atmosfera.

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