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Opinião Segunda-feira, 07 de Abril de 2025, 19:20 - A | A

Segunda-feira, 07 de Abril de 2025, 19h:20 - A | A

ALLINE MARQUES

O papel do jornalista na era da pós-verdade e da inteligência artificial

Alline Marques

A transformação da comunicação nas últimas décadas impactou diretamente o exercício do jornalismo. Em tempos de pós-verdade, onde os sentimentos e crenças pessoais frequentemente se sobrepõem aos fatos, e em meio ao avanço da inteligência artificial, o papel do jornalista se torna ainda mais desafiador — e necessário.

A avalanche de fake news é um dos principais obstáculos enfrentados atualmente. Segundo levantamento da empresa Meta, divulgado em fevereiro de 2024, 29% dos brasileiros admitiram já ter acreditado em uma notícia falsa antes de descobrir que era mentira. Além disso, a pesquisa mostrou que 41% das pessoas são contra o fim das políticas de checagem nas redes sociais, revelando o quanto a desinformação preocupa a sociedade.

Apesar disso, a credibilidade da imprensa também vem sendo colocada à prova. Dados da pesquisa Trust Barometer 2024, do instituto Edelman, apontam que apenas 50% dos brasileiros confiam na mídia tradicional. Esse número, embora estável nos últimos anos, mostra como a confiança no jornalismo vem sendo pressionada pelo crescimento das redes sociais como fonte primária de informação — muitas vezes sem curadoria, sem contexto e sem responsabilidade editorial.

Nesse contexto, o jornalista precisa se reinventar. Mais do que informar, é necessário interpretar, contextualizar, checar, confrontar e, acima de tudo, se conectar com o público. O conteúdo precisa migrar para as redes sociais, dialogar com novas linguagens e formatos, sem perder o compromisso com a apuração responsável. A versatilidade nunca foi tão importante. O jornalista hoje precisa ser multimídia, compreender algoritmos, acompanhar métricas e adaptar sua linguagem — sem abandonar a essência do ofício.

A inteligência artificial também entra nesse debate. Ela já está presente em rotinas de produção de conteúdo, atendimento automatizado e até mesmo em redações. Mas não substitui o olhar humano, a sensibilidade, a escuta atenta, o vínculo com fontes, o faro para a notícia e a capacidade de interpretar nuances. A IA é uma ferramenta poderosa, que pode auxiliar o jornalista — mas jamais poderá ocupar seu lugar.

Falo com a experiência de quem está na redação desde o início dos anos 2000. Vi os releases deixarem o fax e chegarem no WhatsApp. As gravações deixaram as fitas e agora são feitas com um clique no celular. Vi as redações diminuírem, os formatos se multiplicarem, os canais se digitalizarem. E, mesmo com tudo isso, o jornalismo sobreviveu. Resistiu. Se adaptou.

Assim como sobreviveram o rádio, a TV e o impresso — ainda que em novas roupagens, com novas tecnologias. A essência continua: informar com responsabilidade, ética e compromisso com a sociedade.

O papel do jornalista hoje é resistir com criatividade, se reinventar com responsabilidade e, sobretudo, manter viva a credibilidade da informação em tempos de tanta incerteza. Porque, mesmo em meio à pós-verdade e à inteligência artificial, ainda são os jornalistas que sustentam a ponte entre o fato e o público. E essa ponte precisa ser firme, confiável — e humana.

*Alline Marques é jornalista há mais de 20 anos, com atuação em redações, assessorias de imprensa e campanhas políticas. Atualmente, é diretora de Jornalismo no site Leiagora e faz parte da equipe da HF Marketing e Assessoria de Imprensa

 

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