A mentira histórica sobre os restos mortais de Miguel Sutil se torna ainda mais evidente quando analisamos os fatos. O bandeirante Miguel Sutil faleceu no dia 18 de agosto de 1755, aos cem anos de idade, em extrema pobreza, sem sequer ter música em seu velório, apesar de seu desejo expresso em vida.
Além disso, a história das supostas cinzas enviadas para Cuiabá em 22 de agosto de 1975 ganha contornos ainda mais duvidosos quando se considera que, em Sorocaba, onde Sutil foi sepultado, os primeiros registros de lápides de madeira datam apenas de 1820 e os de mármore, de 1850. Isso significa que nunca existiu qualquer identificação que permitisse localizar sua ossada. Mesmo que houvesse, a ação do tempo e da terra já teria consumido qualquer vestígio físico de seu corpo.
No caso de Miguel Sutil, nem mesmo os sorocabanos sabiam ao certo onde ele havia sido sepultado. Para suprir essa lacuna, foi decidido que um punhado de terra de um local aproximado ao suposto túmulo seria enviado a Cuiabá como se fossem seus restos mortais. Já Pascoal Moreira Cabral, conforme documentos assinados por Dom João VI, faleceu em 1730 e foi enterrado em uma localidade chamada “Aterradinho do Bananal”, não na catedral cuiabana.
Diante de todas essas evidências, fica claro que a versão oficial sustentada por décadas não passava de uma tentativa de forjar uma memória histórica que não se sustentava nos fatos.
*Francisco das Chagas Rocha é Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.
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